quinta-feira, novembro 22

Desabafo de uma estudante em provas.



Eu espero mais do ser humano. Espero mais do que uma tola combinação de músculos e nervos que agem de forma mecânica aceitando, trabalhando, vivendo e pensando de uma forma pré determinada pelo sistema mecanicista que nós vivemos.

Eu espero sensibilidade, consciência, perspicácia, humanidade, inteligência (para quem não sabe, existem várias formas de inteligência... como a corporal, a visual, a ligada ao raciocínio lógico etc.), amor...

E se daqui a alguns anos eu vier a descobrir que nada disso é realmente importante para (sobre)viver em sociedade; Se eu descobrir que essa minha visão é romântica demais para o contexto em que vivo, posso dizer apenas que ficarei profundamente decepcionada com o rumo que esse planeta está tomando...

Hoje, mais importante do que abranger todas as características que eu citei...o mais importante é simplesmente se adaptar ao sistema; Aqueles que não conseguem de alguma forma, são massacrados, excluídos... Normalmente ficam emocionalmente instáveis...
Afinal, começam a duvidar de suas próprias capacidades, suas certezas, seus objetivos de vida... Tudo! Isso gera um bloqueio criativo e emocional, que atinge a praticamente todos... Mesmo aqueles que adéquam a essa realidade...

O sistema escolar, por exemplo: de forma setorizada nos obriga a armazenar uma série de informações nada práticas que provavelmente não veremos logo após o vestibular, praticamente por osmose. Sem se darem conta que a ligação entre as próprias é o mais importante a ser citado... Como uma aluna que já sofreu bastante e sofre constantemente a dor de não se enquadrar nesse sistema de ensino (que posso dizer, é caduco) posso afirmar que não por falta de inteligência ou capacidade, mas muito do que se manifesta é uma necessidade enorme de compreender os fatos, não de decorar os fatos. De entender o sentido daquilo que me é passado. E quando não vejo nenhuma ligação entre o que estão tentando me empurrar goela a baixo com outras áreas já transmitidas a mim, não dá. Não á santo que ajude. O conhecimento não flui.
Vem aquela frustração... ”ó, meu Deus, por que fulaninha entende de cara e eu tenho que ficar batendo com a cabeça desse jeito? Por que estudo tanto e não melhoro essas notas desgraçadas? Meu Deus...!” E garanto a vocês, meus caros... Não á quem consiga lidar com a depressão e a falta de confiança em si mesmo e manter um bom rendimento escolar. (Bom rendimento é aquele que considero realmente absorvido pela pessoa. Que pode levar 3 meses sem citar, que ela vai sem dúvidas poder parar e te explicar, porque não ‘engoliu’ aquilo....APRENDEU aquilo...)

Particularmente, não vejo sentido prático em química uma vez que todas as áreas de meu interesse profissional de nada têm a ver com a própria... Então, por que tenho que aprender tantos meandros da química? Temos praticamente 3 vezes mais tempos de química do que de filosofia, português...

Vamos lá: qualquer profissional, seja qual for a área, precisa saber bem como se expressar...e como se comunicar, interpretar, e redigir excelentes textos...Isso será útil em sua vida, isso sim, ele levará consigo até o fim de sua carreira (e além dela, é claro...)
Acabamos entrando em um ciclo vicioso... Onde o mais importante é decorar as informações o mais perto da prova para tirar notas boas, e com isso garantir que o ano não foi em vão... Começamos fazendo isso somente com aquelas matérias de maior dificuldade... Depois, quando nos damos conta, estamos agindo do mesmo modo para todas, inclusive para aquelas que não precisariam... Isso por que não somos estimulados à realmente aprender... Somente a armazenar temporariamente o que nos é dito...

Então, por que não temos esse lado estimulado? Por que precisamos tanto de química para o vestibular (e física, e matemática...)?

E os alunos que como eu, não se adaptam a esse sistema? Ficarão excluídos? Serão tratados como pessoas menos inteligentes apenas por que não tiram notas excelentes em tudo?
{ótimo para aqueles que encontram facilidade com números e tabelas... não condeno cada um com sua habilidade, mas esses também devem se sentir assim com relação a outras matérias... ou então, a outras situações enfrentadas no ambiente escolar...}

Conheço pessoas brilhantes que até a chegada da faculdade nunca tiraram uma nota acima de 7. Isso porque depois que conseguiram entrar nela, encontraram um caminho que realmente tinham a ver com a própria personalidade...(A minha prórpia mãe é um exemplo disso.. Está concluindo a UFRJ - Belas Artes com CR 9.8 . Ou seja: o rendimento dela é 9.8!! Isso em uma federal. Aliás, que federal! Mas isso, porque encontrou o caminho dela...)

Não que isso seja uma regra... Óbvio que não, mas não podemos achar que está tudo bem... Não podemos ignorar que essa realidade é bastante dispare.
Na escola aprendemos o básico de cidadania, de consciência... Aprendemos que todos são iguais, que todos merecem as mesmas oportunidades, não é? Por que não param então para olhar para a minoria? (como sempre, aliás)

É por isso que eu luto por um sistema de educacional menos padronizado, onde o que se avalia é o rendimento de cada aluno por si só, não a comparação do mesmo para com o grupo.
Nós somos nossas experiências. Nossa história é permeada de informações, de fatos (emocionais inclusive) que vão nos diferenciar do grupo. E influenciar na nossa relação com o mesmo. Isso é fato e não pode ser deixado de lado...

Existem coisas que realmente são importantes, como a capacidade de ‘correr atrás’, ou seja, a perseverança; a responsabilidade, a cidadania, a sensibilidade, a nossa relação com a sociedade, o poder de questionamento, de reflexão, para com os fatos que estão a nossa volta... Isso vamos usar eternamente. Infelizmente, não é do interesse do governo ver estudantes realmente preparados para ‘enfrentar’ o mundo.

Um estudante consciente é acima de tudo um cidadão consciente. Um futuro profissional consciente que influenciará o meio em que estará inserido com seu poder de reflexão, com sua cultura;

Será que é o que ‘eles’ desejam?

Tratam-nos como verdadeiros bois seguindo para uma direção escura e desconhecida, facilmente manipulados por aqueles que possuem mais cultura do que nós. (e mais dinheiro também... não posso deixar de dizer que estamos em uma sociedade capitalista onde o dinheiro fala mais alto que muitos desses conceitos que eu citei... mas, isso é outra reflexão.)

Pois é... Mas eu cansei de ser tratada como um boi (ou uma vaca, que seja.)
Quero realmente aprender, não quero decorar. Não quero ser avaliada por minhas notas, pura e simplesmente... E sim pelo conhecimento e evolução que adquiri durante o ano...
Quero um sistema educacional que englobe as minorias também.
Eu quero uma sociedade melhor. E vou lutar por isso com todas as minhas forças, até o fim das mesmas.

sexta-feira, novembro 16

E assim se deu...


Cumpro a sentença e compenso o que a cela limita.
Peço licença de meu senso e me faço visita
Me conto como está um antigo amigo inventado,
Confesso a saudade de estar comigo ao meu lado e
Tento cavar um túnel que me leve de volta


A tudo que me prendeu,
Sem saber ao certo se era eu naquele instante,
Diante da chance de roubar um pouco de paz,
....preso por não ter sossego.
Sem recompensa, um clima tenso, a pena me irrita..
Mas não faz diferença, me convenço e cancelo a visita.


Me dou um bolo sem nenhum sabor,
Bolo um plano de fuga à prova de dor e
Tento cavar um túnel que me leve de volta
Ao mundo que me prendeu sem saber ao certo se era eu naquele instante,
Diante da chance de roubar um pouco de paz, roubar um pouco de paz.


Brigo pelo estopim de um motim, de uma fuga em massa
Uma rebelião qualquer que me devolva a graça
E o sol quadrado não aquece, já não amanhece o brilho que existia em meus olhos
Jay Vaquer