terça-feira, setembro 25

Joana


"Você é viagem sem volta, Joana. Agora eu vou contar pra você, sem rancor, sem sacanagem, porque é que eu tinha que te abandonar. Você tem uma ânsia, um apetite que me esgota. Ninguém pode viver tendo que se empenhar até o limite de suas forças, sempre, pra fazer qualquer coisa. É no amor, é no trabalho, é na conversa, você me exigia inteiro, intenso, pra tudo, caralho...

Tinha que olhar pro céu pra dar bom dia, tinha que incendiar a cada abraço, tinha que calcular cada pequeno detalhe, cada gesto, cada passo, que um cafezinho pode ser veneno e um copo d’água’, como de aguarrás. Só que, Joana, a vida também é jogo, é samba, é piada, é risada, é paz. Pra você não, Joana. Você é fogo... Está sempre atiçando essa fogueira, está sempre debruçada pro fundo do poço, na esquina da ribanceira, sempre na véspera do fim do mundo. Pra você não há pausa, nada é lento, pra você tudo é hoje, agora, já, tudo é tudo, não há aquecimento, não há descanso, nem morte não há.

Pra você não existe dia santo e cada segundo parece eterno. Foi por isso mesmo que eu te amei tanto, porque Joana, você é um inferno.

Mas, agora eu quero refresco, calma, o que contigo nunca consegui, nunca, nem um minuto. Já com Alma é diferente, relaxei, perdi a ansiedade, ela fica ao lado, quieta e a vida passa sem moer a gente..."

segunda-feira, setembro 24



Está nublado lá fora.
E aqui dentro.
Estou só esperando o meu limite.
Que chega logo, sei bem.


quinta-feira, setembro 20

José



"Mas, você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho- do- mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
se cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?"


Drummond

segunda-feira, setembro 17

sozinha.


Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho

Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém

Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender

Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior



.

domingo, setembro 16

Calabar.





Barbara – Sebastião... Calabar...

Anna – De todos os amores, o mais forte é sempre o último. Agora você entende, não é?

Barbara – É isso que me entristece...

Anna – Coragem.

Barbara – É essa coragem que me assusta. A de querer continuar viva.


(...)


Anna – Você pode ter tudo, é só querer...

Barbara – Eu não quero nada.

Anna – Mas eu quero, por você... Quando acabar de arrumar... Por que insiste em ficar assim? Não vê que não adianta... Para as coisas terem sentido é preciso a gente poder pegar nelas, ser pegada, morder, beijar, sei lá... Só assim é que tem sentido, mesmo se machucam... Não faz mal... o resto não vale nada. O que é que valem os grandes gestos, as grandes palavras, as grandes intenções... Ah, o homem é mesmo uma merda. Barbara, esquece.

Barbara – Não consigo.

Anna – Tem que conseguir.


(...)


Anna – Você ainda ama os dois.

Anna – Você está linda... Louca e linda... Eu te amo, Barbara. (gritando) Eu te amo...
-

terça-feira, setembro 11

dia : 11.




Ok, uma leve pausa em respeito à nostalgia do dia de hoje...



Pronto, já deu.




09:07 a.m

Vendo-me ali, parada, inerte. Entrei em contato com aqueles que (des)conhecia. Era um camping grande. Muitos grupos, verde. Banheiros? Ora. Acabou tudo.


Vendo-me ali, novamente sozinha. A procurar aquilo que tinha perdido, não sei bem aonde. Não sei bem o quê. Talvez um shampoo. Quem sabe, um papel higiênico. Só Deus sabe a falta que ele pode fazer em determinadas horas.

Mas, não. Escuto a televisão, no quarto ao lado. Eram meninos entrando e sentando naquela cama. Na minha cama. Tomando meu espaço. Eram meninos, pareciam homens, e eu não sabia.
Sai. E olhei. Encaramos-nos, os três, à espera de algum contato mais próximo. Mesmo que esse fosse apenas uma leve ilusão de algo profundo. Como, quem sabe... Um diálogo. Mínimo, cru... ...como costumavam me dizer...


Mas, como normalmente acontece comigo, veio logo o silêncio. Que apesar de desnecessário, foi extremamente significativo.

Peguei minhas coisas. Sai andando, sem direção, mochila em vão. Meus papeis, minha vida, escorrendo pelas mãos. E eu, andando. Andando...

Esbarrei numa maçaneta. (No meio do verde?) Meu braço, sentiu imediatamente aquele contato, e eu sofri com isso. Minhas lágrimas, correram. E cumpriram seu destino. Breve destino.
E logo depois, uma porta. O que aquela porta fazia, rompendo com a não noção do aonde estou se não um camping? Meu ex de milhares de anos atrás? O que ele faz aqui?Vem o pensamento inevitável... ‘Morra, seu verme.’


E outros tantos conhecidos, já nessa altura, entrando e contato. Falando, e falando... Suas palavras não deixavam meus próprios pensamentos em vista. Começaram a empurrar-me. Para frente, acabando com aquela porta... Que mais tarde, descobri que não existia realmente, se não apenas uma grande luz. Que dividia aquela esfera. Seja ela qual for.

Entrei em um quarto escuro. Não havia nada. Nem ninguém. Mas, eu olhava as paredes, e essas olhavam para mim. Minhas imagens,eram aquelas imagens refletidas nas paredes solidárias que deixavam aquele ambiente menos solitário.

Então... Me vi novamente parada. Inerte. Observando a vida de alguém que não conhecia.
Me vi correndo na praia a 3 verões passados. Vi meu primeiro, e meu último beijo, refletidos ali. Com clareza. Assisti aquela briga que arrasou meu coração, mas que agora... não desperta nada em mim.Vi meu irmão nascer, vi até aquilo que não poderia ver.


‘Derrepente, não mais que derrempente’ olhei aquelas paredes, solidárias paredes, que pareciam mais espelhos de dentro do que paredes, propriamente ditas... E percebi. Que aquela menina, mais tarde, aquela mulher, não tinha absolutamente nada em comum com que eu conhecia.

Quando foi que permiti essa distância? Quando foi que eu permiti essa bagunça?
‘Saia logo de mim, vá embora e não volte jamais.’


-Ao,... hern... mãe?
-Já acordou, meu amor? Estou ligando para avisar que já cheguei na faculdade...
-É, eu já acordei. Té mais tarde, amor.
-Te amo, amor.
-Tum Tum Tum .

domingo, setembro 9

Que texto é esse?




Sabe, as pessoas cagam.


Cagam no sentido literal da palavra. Cagam merda. Que nem eu e você. Todos os dias. Ou então um dia sim outro não. Somos todos iguais. Que incrível pensar que algo me liga à Madonna. Claro! Nós duas em algum momento, vamos ao banheiro. Uau.


Também cagam para o outro, cagam pra vida.


Ninguém ta ligando. Ninguém realmente está ligando. Tudo bem, pensar que estar ligando não é ligar. Eu acho que a saída é não pensar. Fica tudo mais fácil assim. Estão todos seguindo suas vidas, ora bolas.


Hoje mesmo eu estava escutando música. Sim, essa magnífica expressão artística que meche profundamente com todas as minhas percepções. Pois bem... Estava escutando tantas músicas, que não conseguia prestar atenção nos meus próprios pensamentos.


Puts, difícil de acreditar, mas é verdade.


Uma prolixa também tem seus momentos de extremo casulo. E por que não?
Um casulo maravilhoso, cheinho de Chico, Mutantes, Cazuza e Barão.
Tudo de bom na verdade.



Ah, e hoje? Hum
Hoje vai ser o máximo.
Sol, unhas, depilação... Vou acabar uma verdadeira beldade.


Semana. Semana: Liberdade. Novamente a liberdade. Já tinha me esquecido. Como era bonito... Aproveitar a liberdade. Interna que eu digo...
‘Estar-se preso por vontade...’. Pô, pior que é verdade.


Não quero nem ver a merda que vai dar. Sabe? Quando perceberem que isso tudo é uma balela. Linda, lúdica. Mas ainda assim, uma balela.


Por isso que eu digo: Esperto é o gato que já nasce de bigodes. E eu estou com os meus até agora. Portanto...


Um bom mergulho segunda, caipirinha, Ice? Não mais..., hum... Terça. Terça... o que vem terça? Terça, claro! Terça, meu dia internacional do nãoseioquevoufazer.


Sexta, showzinho? Quem tá dentro?






ps: Por favor, não tente enteder o que a foto tem a ver com o texto. Nem o que cagar tem a ver com liberdade. Nem liberdade tem a ver com gatos e seus bigodes. Nem nada tem a ver com show de sexta. Ou seja, não canse tentando entender nada.


-


quinta-feira, setembro 6

Eu adoro pensar, admito.

Eu estava pensando na vida. (Juro, nada pretensioso ou comum em minha rotina, não é?!)
Agora não penso mais. Tento ao menos.


Me flagro escrevendo cartas que nunca enviei, nem vou enviar a alguém que não conheço. Talvez esse alguém seja eu mesma. Talvez seja esse o segredo. Quem sabe isso não é mais bem um segredo.

Busco em mim uma certeza que minha racionalidade (sim, eu preciso dela para viver, por mais que eu não goste) que nitidamente percebo que não existe.

A síndrome de Descartes invade meu peito. Penso, logo existo. E é só o que posso afirmar a vocês. Meus sentidos me enganam. Minha cabeça também. Minha vida é de outro tempo que não o agora, e escuto que somos pouco além de nós senão o meio, somos o meio e o pouco além de nós. Mas como se eu simplesmente não me sinto parte integrada de meio algum?

Entro no Orkut. Entro na escola. Ando por entre a gente passante de todos os dias, e observo. Vim e observo. O ser humano novamente com sua ‘obviabilidade’ surpreende o ser pensante. Seja ele qual for.

São tantos os rostos. E as ideologias. Mas, pra quê?

Meu Deus. (Se é que Deus existe. Se é que Deus é realmente esse Deus idealizado pelos podres, tolos e inconseqüentes seres humanos)

Tudo é absurdamente mutável. Variável e inconstante. Não vale a pena.
Existe uma pessoa dentro de mim. É essa pessoa que acredita que enquanto um não estiver bem, enquanto alguém sofrer algum tipo de opressão, dor, ou situação realmente difícil, o resto como um todo também não pode estar bem.

Até aí, ok.

Antes fosse só isso. São várias dentro de mim. Uma outra individualista percebe a luta vã que somos estimulados constantemente a travar.

O equilíbrio se faz. Chega em mim aquela verdade, de que só podemos mudar o meio em que estamos inseridos com uma parcela de poder. (imposto não por nós, mas pelo próprio sistema integrado da sociedade que já nos sufoca a gerações...) E esse poder só chegará a partir do momento em que estamos ‘correndo a trás’ de nossos próprios rabos. Cuidando de nossas vidas. Conscientes, sim. Apoiando moralmente os desfavorecidos, sim. Mas, procurando encontrar uma parcela de segurança mínima para realmente ajudar aqueles que precisam.

Ora porra, seria eu então, uma porca burguesinha disfarçada de socialista fajuta?
Talvez, quem sabe.

Deve existir sim essa burguesinha cheia de medo dentro de mim. Medo de perder a segurança e as próprias certezas. Deve não, existe. Pronto. Assumo.

Ainda assim, mesmo que burguesa, procuro. Vejo o quanto a própria burguesa pode ser tola. Afinal, não é tudo relativo? Sim, é.
Mas, não tenho apenas a certeza de que eu existo? Sim, tenho.
Pois bem, a contradição está à sua frente. Encaro-a com coragem, sem perder a pose.
Ela faz parte de mim, não vai me machucar. Nada além do que eu determino pode me machucar. Vou aceita-la, e para de pensar.
Sim... Pensar. Tentar parar.

Tenho um vício. Eu adoro pensar, admito.

Nem sempre Chico Buarque é a melhor pedida.


'Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam
mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar
Bonita
Pra que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita
Pra saber como levar todos
Os desejos que ele tem
Ao me ver passar
Bonita
Hoje eu arrasei
Na casa de espelhos
Espalho os meus rostos
E finjo que finjo que finjo
Que não sei '

Tá, parei.