terça-feira, setembro 25

Joana


"Você é viagem sem volta, Joana. Agora eu vou contar pra você, sem rancor, sem sacanagem, porque é que eu tinha que te abandonar. Você tem uma ânsia, um apetite que me esgota. Ninguém pode viver tendo que se empenhar até o limite de suas forças, sempre, pra fazer qualquer coisa. É no amor, é no trabalho, é na conversa, você me exigia inteiro, intenso, pra tudo, caralho...

Tinha que olhar pro céu pra dar bom dia, tinha que incendiar a cada abraço, tinha que calcular cada pequeno detalhe, cada gesto, cada passo, que um cafezinho pode ser veneno e um copo d’água’, como de aguarrás. Só que, Joana, a vida também é jogo, é samba, é piada, é risada, é paz. Pra você não, Joana. Você é fogo... Está sempre atiçando essa fogueira, está sempre debruçada pro fundo do poço, na esquina da ribanceira, sempre na véspera do fim do mundo. Pra você não há pausa, nada é lento, pra você tudo é hoje, agora, já, tudo é tudo, não há aquecimento, não há descanso, nem morte não há.

Pra você não existe dia santo e cada segundo parece eterno. Foi por isso mesmo que eu te amei tanto, porque Joana, você é um inferno.

Mas, agora eu quero refresco, calma, o que contigo nunca consegui, nunca, nem um minuto. Já com Alma é diferente, relaxei, perdi a ansiedade, ela fica ao lado, quieta e a vida passa sem moer a gente..."

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