domingo, junho 29


todo dia ela levanta, lava o rosto e saí pra tabalhar. chega na mesa olha em volta e pensa no que vai comer mais tarde. dá 4 horas, olha o relógio esperando alguma coisa que não sabe bem o que é. e desce as escadas como se aqueles passos fossem fazer realmente alguma diferença na sua vida. cansa olhar as pessoas, e seus jogos sociais. suas palavras, sons e cores. aquela certeza de eternidade nos momentos que em poucos segundos, óbviamente se perderão no ar.mas eles não sabem, ainda.

tem dias que ela senta perto da janela, pra dar uma espiada no sol e nas formigas lá fora. quem sabe assim os dias ficam mais doces.

sexta-feira, junho 20

meu dia 20.

Ô fase de merda, vô te contar;

hoje quando já estava no ponto, à espera do primeiro ônibus que me levaria de volta para minha terra, me ocorreu a falta de uma da Xerox que posso considerar a mais importante do fim de semana. Voltei até a escola, onde poderia gastar um pouco mais do meu dinheiro com palavras, palavras e palavras, e papel.

No caminho, não sei porque, adentro –afinal são praticamente 2 anos e meio andando nesses degraus – escorreguei. Escorreguei, e apesar de não ter me machucado de fato, sofri profundamente. Estava de saia, - não, não era saia-short, era saia mesmo – fazendo com que TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS QUE ESTAVAM PASSANDO PELA RUA VISSEM A MINHA BUNDA.

Acredito que em muito tempo, mais de 8 anos, no mínimo, não sofria uma situação tão constrangedora. Não comecei a rir do meu próprio tombo, para abafar as risadas e olhares curiosos dos garotos que estavam na porta da escola simplesmente pelo que me falta: hipocrisia. Queria sumir, evaporar, me transformar em algo invisível. Apenas continuei andando, fui até a Xerox e cumpri meu destino.

Sai do colégio, atravessei o portão naturalmente. Esperei um tempo, por algo, alguém, que fizesse me sentir melhor, o que não ocorrei. Então, comecei a andar.

Andei, andei, andei... Procurando desesperadamente me encontrar de alguma forma. Ou então, no mínimo sufocar em parte aquela solidão que estava crescendo. Parando apenas para contemplar por um tempo a lua, que estava absurdamente linda...

Caminhei naquele chão, na rua Humaitá onde já passei com o finado Ananias, embriagada por vezes com minha quase devoção aquele amor, outras, por profunda dor e melancolia. Ou então, com a Karen, me divertindo como a muito não consigo, apenas por andar sem rumo, destino certo... Lembrei da blusa que ela usava quando andávamos depois das aulas aos sábados. Era preta e tinha um desenho de anime. Nossa, como eu gostava de sair com ela, passar por aqueles prédios, conversar sem limites...

Lembrei de quando passei por lá com o João, no que me parece um vácuo no tempo. Uma outra realidade, uma esfera distante. Em como era divertido sacar simplesmente seus olhares, sua face teatralmente preparada para mim. Face que eu ainda desconhecia...

Ou então, das inúmeras vezes em que perdi o rumo, desbravando parte das exóticas e reclusas da rua Humaitá com o Gabriel... Quando eu acordava de manhã depois de receber os primeiros torpedos dele, feliz por saber que mais tarde nos veríamos... E andávamos pela Cobal, pelo colégio, pela lagoa, por qualquer lugar. Da vez que brigamos no Botecotaco e meu rosto voltou molhado e salgado pelas lágrimas, naquela noite. Pelas Ices supresas que fizeram minha tarde mais feliz, no final do ano passado.

Já gritei, sorri, cantei, beijei, cai, chorei, traí, sofri nos passos da rua Humaitá. E agora eu me sinto tão sozinha, tão perdida.

Liguei o mp4 enquanto caminhava pela noite; Escutando a trilha de um filme que fala bastante sobre mim, chamado Elizabethtown . Senti que era moldável aquelas melodias. O som e brisa nessas horas de vida correndo lá fora, denunciaram o calor do meu corpo. E a minha vontade desesperada de viver.

Não sei bem até que ponto fui na caminhada no querer, mas parei em frente ao shopping da gávea. Olhei para a banca de jornal e os livros de bolso que estavam a venda. Balzac, Maquiavel, Machado de Assis, Vinícius, Neruda, Karl Marx e Friedrich Engels, Nietzsche. TANTA COISA BOA QUE EU QUERIA COMPRAR PRA MIM.

Não tinha grana para tudo. O jeito era caminhar até o ponto mais próximo do 750 e voltar para a minha realidade. E para mim.

quinta-feira, junho 19


a pior solidão é a acompanhada.


sábado, junho 7

meninos e meninas.

meio fora da sintonia; mas tão a ver com meu momento...


Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui



Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre
Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente
Estou cansado de bater e ninguém abrir
Você me deixou sentindo tanto frio
Não sei mais o que dizer

Te fiz comida, velei teu sono
Fui teu amigo, te levei comigo
E me diz: pra mim o que é que ficou?

Me deixa ver como viver é bom
Não é a vida como está, e sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?

Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes

Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar

Acho que gosto de São Paulo
E gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninas

ciclo,


porque existem horas que faz muito mais sentido parar, e sentir.
viver até o limite, e depois...
bem, depois deixar se esvair.

porque tudo acaba;
e quero estar renovada para a próxima que vier.