sexta-feira, junho 20

meu dia 20.

Ô fase de merda, vô te contar;

hoje quando já estava no ponto, à espera do primeiro ônibus que me levaria de volta para minha terra, me ocorreu a falta de uma da Xerox que posso considerar a mais importante do fim de semana. Voltei até a escola, onde poderia gastar um pouco mais do meu dinheiro com palavras, palavras e palavras, e papel.

No caminho, não sei porque, adentro –afinal são praticamente 2 anos e meio andando nesses degraus – escorreguei. Escorreguei, e apesar de não ter me machucado de fato, sofri profundamente. Estava de saia, - não, não era saia-short, era saia mesmo – fazendo com que TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS QUE ESTAVAM PASSANDO PELA RUA VISSEM A MINHA BUNDA.

Acredito que em muito tempo, mais de 8 anos, no mínimo, não sofria uma situação tão constrangedora. Não comecei a rir do meu próprio tombo, para abafar as risadas e olhares curiosos dos garotos que estavam na porta da escola simplesmente pelo que me falta: hipocrisia. Queria sumir, evaporar, me transformar em algo invisível. Apenas continuei andando, fui até a Xerox e cumpri meu destino.

Sai do colégio, atravessei o portão naturalmente. Esperei um tempo, por algo, alguém, que fizesse me sentir melhor, o que não ocorrei. Então, comecei a andar.

Andei, andei, andei... Procurando desesperadamente me encontrar de alguma forma. Ou então, no mínimo sufocar em parte aquela solidão que estava crescendo. Parando apenas para contemplar por um tempo a lua, que estava absurdamente linda...

Caminhei naquele chão, na rua Humaitá onde já passei com o finado Ananias, embriagada por vezes com minha quase devoção aquele amor, outras, por profunda dor e melancolia. Ou então, com a Karen, me divertindo como a muito não consigo, apenas por andar sem rumo, destino certo... Lembrei da blusa que ela usava quando andávamos depois das aulas aos sábados. Era preta e tinha um desenho de anime. Nossa, como eu gostava de sair com ela, passar por aqueles prédios, conversar sem limites...

Lembrei de quando passei por lá com o João, no que me parece um vácuo no tempo. Uma outra realidade, uma esfera distante. Em como era divertido sacar simplesmente seus olhares, sua face teatralmente preparada para mim. Face que eu ainda desconhecia...

Ou então, das inúmeras vezes em que perdi o rumo, desbravando parte das exóticas e reclusas da rua Humaitá com o Gabriel... Quando eu acordava de manhã depois de receber os primeiros torpedos dele, feliz por saber que mais tarde nos veríamos... E andávamos pela Cobal, pelo colégio, pela lagoa, por qualquer lugar. Da vez que brigamos no Botecotaco e meu rosto voltou molhado e salgado pelas lágrimas, naquela noite. Pelas Ices supresas que fizeram minha tarde mais feliz, no final do ano passado.

Já gritei, sorri, cantei, beijei, cai, chorei, traí, sofri nos passos da rua Humaitá. E agora eu me sinto tão sozinha, tão perdida.

Liguei o mp4 enquanto caminhava pela noite; Escutando a trilha de um filme que fala bastante sobre mim, chamado Elizabethtown . Senti que era moldável aquelas melodias. O som e brisa nessas horas de vida correndo lá fora, denunciaram o calor do meu corpo. E a minha vontade desesperada de viver.

Não sei bem até que ponto fui na caminhada no querer, mas parei em frente ao shopping da gávea. Olhei para a banca de jornal e os livros de bolso que estavam a venda. Balzac, Maquiavel, Machado de Assis, Vinícius, Neruda, Karl Marx e Friedrich Engels, Nietzsche. TANTA COISA BOA QUE EU QUERIA COMPRAR PRA MIM.

Não tinha grana para tudo. O jeito era caminhar até o ponto mais próximo do 750 e voltar para a minha realidade. E para mim.

3 comentários:

Unknown disse...

espero que não tenha se machucado, menina. também espero que os seus colegas não tenham aproveitado demais a vista da sua bunda e tal. e acima de tudo, espero que você tenha chegado em casa a tempo de assistir turquia x croácia. jogaço.

grande abraço.

Marcelo disse...

Poxa...
E o Marcelo não conviveu com você na Rua Humaitá também??? T_T
Esqueceram de mim...=(((
hsuahsusahs
Gio, espero que não tenha doído muito o tombo...eu também levei um dia desses lá na faculdade e estava sozinho também =/
Poxa (de novo) você tem que ir um dia lá na Uerj pra gente passear...eu furei as duas segundas-feiras na sua parada de Sociologia, pois eu estou fechando meu período (tá muita correria, inclusive porque eu tenho o péssimo hábito de deixar as coisas pro final). Nas férias eu pretendo ler bastante (o que não deu tempo pra ler) e discutir por aí, vamos sair??? 0_0
Não sei se viajarei pra São Paulo, mas quer saber? Prefiro ficar aqui se meus amigos estiverem, mas vou ver se dá certinho...
Óia sô, você podia ter dado uma risadinha, porque não é todo dia que a gente paga um papelão desses rsrs (eu sou cruel, né?).
Temos que rir de nós mesmos! >_<...e muita gente deve ter se realizado com seu tombo...gatona como você é! rsrsrs
Saudades de você, querida, prometo que nos veremos em breve, só deixa eu terminar e ficar livre da faculdade!
E claro, quero te ver pra aprender filosofia contigo!!!
Te amo (e desculpa as tentativas de risos em cima do tombo).
Mas é isso mesmo: os tombos vêm e vão e a gente continua aí!

;)

Marcelo disse...

Amore, desculpa eu aqui de novo!!! ;)
É que eu queria pedir um favorzin...
Lembra daquelas duas aulas de filosofia que eu assisti na sua turma (o do filme "o ponto de mutação")?
Queria muito ter acesso àquelas anotações que eu fiz...tem como você achar e me passar...?
Aquilo que escrevemos e vivenciamos sobre o Mecanicismo cientificista será uma pérola para mim *-*
Bjos, amore!