quinta-feira, setembro 6

Eu adoro pensar, admito.

Eu estava pensando na vida. (Juro, nada pretensioso ou comum em minha rotina, não é?!)
Agora não penso mais. Tento ao menos.


Me flagro escrevendo cartas que nunca enviei, nem vou enviar a alguém que não conheço. Talvez esse alguém seja eu mesma. Talvez seja esse o segredo. Quem sabe isso não é mais bem um segredo.

Busco em mim uma certeza que minha racionalidade (sim, eu preciso dela para viver, por mais que eu não goste) que nitidamente percebo que não existe.

A síndrome de Descartes invade meu peito. Penso, logo existo. E é só o que posso afirmar a vocês. Meus sentidos me enganam. Minha cabeça também. Minha vida é de outro tempo que não o agora, e escuto que somos pouco além de nós senão o meio, somos o meio e o pouco além de nós. Mas como se eu simplesmente não me sinto parte integrada de meio algum?

Entro no Orkut. Entro na escola. Ando por entre a gente passante de todos os dias, e observo. Vim e observo. O ser humano novamente com sua ‘obviabilidade’ surpreende o ser pensante. Seja ele qual for.

São tantos os rostos. E as ideologias. Mas, pra quê?

Meu Deus. (Se é que Deus existe. Se é que Deus é realmente esse Deus idealizado pelos podres, tolos e inconseqüentes seres humanos)

Tudo é absurdamente mutável. Variável e inconstante. Não vale a pena.
Existe uma pessoa dentro de mim. É essa pessoa que acredita que enquanto um não estiver bem, enquanto alguém sofrer algum tipo de opressão, dor, ou situação realmente difícil, o resto como um todo também não pode estar bem.

Até aí, ok.

Antes fosse só isso. São várias dentro de mim. Uma outra individualista percebe a luta vã que somos estimulados constantemente a travar.

O equilíbrio se faz. Chega em mim aquela verdade, de que só podemos mudar o meio em que estamos inseridos com uma parcela de poder. (imposto não por nós, mas pelo próprio sistema integrado da sociedade que já nos sufoca a gerações...) E esse poder só chegará a partir do momento em que estamos ‘correndo a trás’ de nossos próprios rabos. Cuidando de nossas vidas. Conscientes, sim. Apoiando moralmente os desfavorecidos, sim. Mas, procurando encontrar uma parcela de segurança mínima para realmente ajudar aqueles que precisam.

Ora porra, seria eu então, uma porca burguesinha disfarçada de socialista fajuta?
Talvez, quem sabe.

Deve existir sim essa burguesinha cheia de medo dentro de mim. Medo de perder a segurança e as próprias certezas. Deve não, existe. Pronto. Assumo.

Ainda assim, mesmo que burguesa, procuro. Vejo o quanto a própria burguesa pode ser tola. Afinal, não é tudo relativo? Sim, é.
Mas, não tenho apenas a certeza de que eu existo? Sim, tenho.
Pois bem, a contradição está à sua frente. Encaro-a com coragem, sem perder a pose.
Ela faz parte de mim, não vai me machucar. Nada além do que eu determino pode me machucar. Vou aceita-la, e para de pensar.
Sim... Pensar. Tentar parar.

Tenho um vício. Eu adoro pensar, admito.

Nenhum comentário: