segunda-feira, julho 21


Rio, 02.07.08

Daqueles dias sinto algo semelhante a um não sentimento, se é que isso é possível. No escuro do quarto meus olhos se acostumam a luz noturna que atrevidamente transpassa as frestas da janela, quase como um convite. 'venha até mim'

Fico horas escutando Coldplay antes de adormecer, pensando e sentindo tudo tão mais intenso... Como o zoom na fotografia, observo cada detalhe, cada palavra, cada cheiro que a lembrança comporta.

Da casa de minha avó, onde estou, o que mais me agrada é o dia seguinte e a hora da partida. É com alívio que deixo para trás aquela esquina verde e por vezes ensolarada do Grajaú. O mesmo alívio que me convida sempre a retornar em um dia semelhante ao mesmo. O silêncio dos quartos no andar de cima. O branco forte do banheiro da frente, novo. A água quente, corrente, que toca cada cm do meu corpo faz com que praticamente qualquer coisa valha a pena.

O limite entre o perfeito ao insuportável sempre existiu pra mim. Como o sapato apertado que tiramos do pé ao fim de uma longa caminhada, como a música que parecia perfeita nas primeiras 15678544 vezes em que cantamos, mas agora, não nos cabe mais nem o refrão. Como tudo que nos obriga a descartar qualquer tipo de aproximação.


Parece-me que simplesmente a casa da minha avó e tudo que a comporta tem o poder de intensificar qualquer emoção. Meus sentidos, minha dor ou amor... enfim, intensifica a mim.






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