domingo, maio 27

Hoje estive pensando...


Recentemente participei de um debate entre alunos da minha escola, após assistir um filme que falava sobre a ditadura militar, e também (aliás, principalmente) sobre um jornal que foi feito na época por jovens como nós. O SOL. Durante esse debate, senti uma vontade enorme de fazer alguma coisa a favor da minoria. Senti vontade de ter a força que aqueles estudantes tinham (no filme inclusive, apareceram alguns estudantes do cpII nas passeatas, e levando represarias violentas por isso) de lutar por um mesmo ideal. Lutar contra a repressão. E percebi que na verdade, tudo é o contexto. Cheguei a comentar em voz alta “Nasci na geração errada”.
Logo depois, uma outra aluna, demonstrando seu ponto de vista declarou “Não podemos achar que nascemos na geração errada. Nós nascemos na geração certa, e estamos aqui para mudar essa realidade”.Bem, acho essa visão bastante romântica.
Claro que podemos tentar mudar essa realidade em que nos encontramos. Não estou subestimando a nossa capacidade. Acredito que aquela famosa frase: “Os jovens de hoje são o futuro, são o amanhã...” não é dita em vão. Mas, convenhamos, não podemos começar uma revolução sem analisar bem o contexto em que estamos.
Começamos por perceber que existe uma grande parte dos próprios alunos que não necessariamente está empenhada por lutar, por exemplo, pelo passe livre. Essas pessoas não precisão, fazem parte de uma minoria privilegiada, não tem interesse direto em colaborar com essa causa.Não percebem que mesmo não estando diretamente envolvidos com o assunto, é o direito deles que está em jogo.
Mas, por que ficaram assim? Há alguns anos, aqueles jovens poderiam estar também inseridos na parte privilegiada e nem por isso, deixavam de lutar pelo semelhante. Então, o que mudou?
Pensei bastante, e conclui que na verdade muitos fatores acabaram deixando a geração 80-90 completamente individualista.Poucos são os jovens que na infância tiveram o prazer de lidar diretamente com a natureza, ou mesmo que brincaram na rua com seus amigos, etc. Conseqüentemente, acabamos por desenvolver atividades ligadas a um só. Como games virtuais, e mais tarde os computadores. Aliás, quantos jovens do seu circulo social não tem ligação nenhuma com a Internet? Quantos não possuem orkut? Mesmo que freqüentem lan house para isso...? A Internet está aqui para ajudar, mas é inegável que muitas vezes acaba se transformando ou em vício, como é o caso dos ‘orkutianos assíduos’ ou então, apenas em uma fonte de prazer. Quando na verdade, está aí para nos trazer informação consciente. Mas, isso é uma outra discussão.
Não é à toa, isso é reflexo da nossa realidade. E isso que falei, foi só para ilustrar uma das diferenças entre nós e nossos pais, avós.
Estamos lidando com jovens influenciados pela geração anterior. Uma geração que sofreu bastante por utopicamente acreditar que podiam mudar o mundo com suas idéias, muitas vezes, sem violência. São nossos pais e avós que viram seus amigos sendo presos, torturados, e humilhados, por aqueles que não compartilhavam das mesmas idéias.
Esses pais, avós, deixariam seus filhos na mesma posição em que foram colocados? Muitos ficaram incrédulos, após aquela experiência.
Claro, não estou colocando todos em um mesmo “saco”. Ainda existem aqueles que não ficaram assim. Que não sofreram nada, ou simplesmente não se envolveram com assuntos relacionados à política.
Outro fator dessa vez não relacionado a nossa raiz familiar, é a política que vemos todos os dias sendo tramada pelos governantes.
Pessoalmente, posso dizer que fico profundamente indignada e decepcionada, ao ver que aqueles que escolhemos para nos representar, não tem nenhuma consideração por nós...Muitos deles lutaram inclusive contra a ditadura. Como poderiam agora, se transformar em políticos dessa espécie?
Nos roubam, traem suas promessas pré-eleição, e nos tratam de idiota. Depois de tudo que já aconteceu em nosso país.
Muitas vezes observamos que são extraviados do governo milhões, bilhões, trilhões de reais, enquanto nas ruas, o comum é ver pessoas passando fome.Vemos o sistema decadente de ensino, que muitas vezes é decadente por falta de verba bem direcionada. Vemos nossos hospitais caindo aos pedaços, sem nenhum tipo de estruturação adequada, sem remédios, nem mesmo leito para os doentes repousarem. E ainda escutamos declarações do tipo “A saúde publica no Brasil está à beira da perfeição”. Palavras do Lula. Não posso dizer nem quando, nem com quem ele deu essa declaração, mas lembro-me que ao escutar isso, foi como se uma faca entrasse em meu peito, e fizesse sangrar a pouca esperança que eu tinha em nosso governo. Digo isso tudo, por que vi de perto o que realmente acontece nos hospitais públicos do Rio de Janeiro, e também já estudei pelo município, pelo estado, e agora estou em uma escola federal.
Ainda ao pensar nessas questões, acabei concluindo que nossos problemas são bastante diferentes daqueles que existiam nos anos 60-70. Hoje, a nossa luta está mais ligada ao meio ambiente. Mais ligada também a luta contra a violência ao próximo...Ou então, simplesmente ao jovem hoje no mercado de trabalho...Nossa...São tantos os problemas que a alguns anos não existiam...Ou existiam em menor escala...
Voltando a pergunta anterior, como podemos cobrar uma atitude dessa juventude incrédula, e muitas vezes acomodada e esse sistema em que nos encontramos?
Acredito que a primeira luta, e por que não, a maior luta, está ligada a conscientização de todos os jovens. Aliás, de toda população. Um povo consciente não se deixa enganar facilmente. Um povo consciente procura lutar por seu semelhante, por saber que na verdade todos somos um só. Um povo consciente tem o poder nas mãos. Aí sim, entraria em prática o plano das revoluções contra qualquer coisa que esteja reprimindo os direitos que qualquer cidadão tem.
A partir dessas informações, acho realmente que aqueles que não tinham nenhum envolvimento com a política, vão passar a no mínimo, entendê-la. E aqueles que não tinham interesse em ajudar o próximo, terão essa vontade por conta própria.

3 comentários:

ZZ disse...

O que acontecia na ditadura militar é que tinha um inimigo declarado... Hoje o inimigo se faz de amigo e engana muito! Aliás, este é o pior inimigo, o inimigo que faz nos sentir bem nos esfaqueando
Mas o maior problema que acho, além da falta de coincientização(que não é somente mostrar que podemos mudar, mas tem que ser um trabalho bem mais profundo em cada pessoa, pois somos atacados pela ideologia capitalista por todos os lados: tvs, comerciais, na nossa maneira de viver), mas voltando... temos um grande problema que é a união! Você viu na passeata do dia 28, o microfone quebrou pq as pessoas tavam brigando para falar nele. E este é um retrato descarado da nossa resistência: o sque querem mudar ficam se perdendo em brigar entre si, enquanto tudo isso acontece! Mas sabe pq? Pq a gente tem alguma coisa... os que não tem nada é o q menos vejo brigar! EU não sei mto como é a estrutura do MST e do MTST(movimento dos trabalhadores sem teto, podemos ir qq hora dessas em alguma ocupação aqui no RJ, vc vai amar, é a coisa mais bonita, é a solidariedade, é o amor, é tudo...), mas são eles que vejo menos brigar(mto embora eu saiba que tenha pelo menso três partições no MST)! Eu tava percebendo isso na passeata da última quarta, eu vía o pessoal da conlute cheio de si, queimando a bandeira da UNE(tá que ela merece), vejo vários militantes classe média! Não os demerecendo, msmo pq eu sou uma... mas eu reparei no pessoal do MST, eles todos mais humildes! Sei lá, deu um baque, ver a militantada classe média partido de esquerda que fica brigando por ego(eu tô generalizando, mas normalmente é o q acontece entre partidos... o pessoal fica brigando) e o pessoal do mst que precisa realmente da parada. Não tô generalizando, existe muito militante de partido classe média, sem partido, o que for, que tá na luta de corpo e alma! Mas me chateia profundamente essa briga de anarquistas com comunistas, de pstu com psol com pc do b com o diabo a quatro! Pq não podemos nos unir?? A direita está lá, toda unida! Por isso não conseguimos prosperar!!
E sinceramente Giovanna, só nos unimos pra valer quando temos um inimigo declarado, qdo sofremos na cara(mto embora a questão do passe livre dentre muitas outras seja sofrer na cara.. mas acho q a gente ainda não entendeu)
Bem, agora deixo pra você pesquisar duas coisas pra você se encantar: comuna de oaxaca(movimento de resistencia do méxico, muito bonito! Eles praticamente fizeram a revolução, mas foram violentamente reprimidos! E aconteceus, não, não foi na década de 70, foi no ano passado! Outra coisa que queria falar pra vc, pode estas lutas, estas revoluções parecer distantes, mas elas tão presentes aí! Muito mais que presentes! (Procure a parada de oaxaca no www.midiaindependente.org ou no orkut)
Outra coisa pra vc procurar é sobre o movimento zapatista... eu não sei mto bem, mas o q sei, eu me encanto profundamente!
Beijo na bunda dona gio! E tô gostando de ver! Vamos visitar uma ocupação de sem teto, vamos nos unir! Que esta luta é uma luta de amor! Assim como vc ama tua mãe, o ananias, como eu amo o conrado! Como nos amamos! A revolução é uma luta de amor! De amor profundo, pois a gente luta para melhorar por nossos amados, por nossos entes queridos, por todos... Lutamos pelo amor

ZZ disse...

XP~
Escrevi demais uhahuahuhua

Anônimo disse...

fulo...
roubei sua foto!!!!!
^^

usarei na minha série...
impressões pós pós...
-os bancos de trás dos ônibus...
XD