"Sou o limite de minhas ilusões perdidas"
Bachelard
Você é só mais um no meio da multidão
E com tanta calma; e com tanta fúria
Rasgou em um tempo distante lenta e profundamente
O meu coração.
E esse sentir que de certo, nunca fez sentido
Nunca se fez sentir a não ser em mim mesmo
A não ser, em mim mesmo.
E porque se colocou, porque chamou minha atenção?
Você é só mais um no meio da minha multidão.
Mais um...
Menos um no meu coração
Somente no meu coração.
Você me tem fácil demais
Mas não parece capaz
De cuidar do que possui
Você sorriu e me propôs
Que eu te deixasse em paz
Me disse vai, eu não fui
Não faça assim
Não faça nada por mim
Não vá pensando que eu sou seu
Você me diz o que fazer
Mas não procura entender
Que eu faço só pra te agradar
Me diz até o que vestir
Com quem andar e aonde ir
Mas não me pede pra voltar
é incrível.
sempre existe uma puta no caminho.
as vezes demora,
as vezes é breve.
mas aquele cheiro de podre que ela deixa sempre aparece.
não agüento a puta.
aquela meretriz, vagabunda.
que passa pela minha história
e ainda banca a boa moça;
queria eu, pegar meus dedos e envolver sua garganta
lentamente destruir cada ossinho, cada suspiro
acabar com o toque de sua pele,
passar a ferro seus dedos,
destruir a vida que envolve teus lábios.
lábios esses que me feriram;
tão profundamente que nem sei.
deixo a dor me tomar, já que esse é o momento.
não posso fazer muito. infelizmente, ela cruzou o meu destino.
Hoje eu passei pela serra. E gostei tanto...
A última vez que fiz esse percurso, estava muito bem acompanhada. A noite transformou a cidade, e tudo era formado por estrelas que iluminavam a minha vista. ( bem Harry Potter, não?)
Já escrevi sobre a serra sim, mas, agora é diferente. Descobri que por algum motivo, eu a amo. E o que construí nessa passagem do meu caminho não se perde jamais. Em meu primeiro ano no Pedro II passava todas as manhãs pelas árvores pensando nas horas que seguiriam, em que eu o veria mais uma vez e assim, estava completa.
Hoje ela me remete a esse sentimento. A serra me estimula o pensamento, me dá vontade de escrever. A serra, graças a Deus, me dá vontade de viver.
Daqueles dias sinto algo semelhante a um não sentimento, se é que isso é possível. No escuro do quarto meus olhos se acostumam a luz noturna que atrevidamente transpassa as frestas da janela, quase como um convite. 'venha até mim'
Fico horas escutando Coldplay antes de adormecer, pensando e sentindo tudo tão mais intenso... Como o zoom na fotografia, observo cada detalhe, cada palavra, cada cheiro que a lembrança comporta.
Da casa de minha avó, onde estou, o que mais me agrada é o dia seguinte e a hora da partida. É com alívio que deixo para trás aquela esquina verde e por vezes ensolarada do Grajaú. O mesmo alívio que me convida sempre a retornar em um dia semelhante ao mesmo. O silêncio dos quartos no andar de cima. O branco forte do banheiro da frente, novo. A água quente, corrente, que toca cada cm do meu corpo faz com que praticamente qualquer coisa valha a pena.
O limite entre o perfeito ao insuportável sempre existiu pra mim. Como o sapato apertado que tiramos do pé ao fim de uma longa caminhada, como a música que parecia perfeita nas primeiras 15678544 vezes em que cantamos, mas agora, não nos cabe mais nem o refrão. Como tudo que nos obriga a descartar qualquer tipo de aproximação.
Parece-me que simplesmente a casa da minha avó e tudo que a comporta tem o poder de intensificar qualquer emoção. Meus sentidos, minha dor ou amor... enfim, intensifica a mim.
Ô fase de merda, vô te contar;
hoje quando já estava no ponto, à espera do primeiro ônibus que me levaria de volta para minha terra, me ocorreu a falta de uma da Xerox que posso considerar a mais importante do fim de semana. Voltei até a escola, onde poderia gastar um pouco mais do meu dinheiro com palavras, palavras e palavras, e papel.
No caminho, não sei porque, adentro –afinal são praticamente 2 anos e meio andando nesses degraus – escorreguei. Escorreguei, e apesar de não ter me machucado de fato, sofri profundamente. Estava de saia, - não, não era saia-short, era saia mesmo – fazendo com que TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS QUE ESTAVAM PASSANDO PELA RUA VISSEM A MINHA BUNDA.
Acredito que em muito tempo, mais de 8 anos, no mínimo, não sofria uma situação tão constrangedora. Não comecei a rir do meu próprio tombo, para abafar as risadas e olhares curiosos dos garotos que estavam na porta da escola simplesmente pelo que me falta: hipocrisia. Queria sumir, evaporar, me transformar em algo invisível. Apenas continuei andando, fui até a Xerox e cumpri meu destino.
Sai do colégio, atravessei o portão naturalmente. Esperei um tempo, por algo, alguém, que fizesse me sentir melhor, o que não ocorrei. Então, comecei a andar.
Andei, andei, andei... Procurando desesperadamente me encontrar de alguma forma. Ou então, no mínimo sufocar em parte aquela solidão que estava crescendo. Parando apenas para contemplar por um tempo a lua, que estava absurdamente linda...
Caminhei naquele chão, na rua Humaitá onde já passei com o finado Ananias, embriagada por vezes com minha quase devoção aquele amor, outras, por profunda dor e melancolia. Ou então, com a Karen, me divertindo como a muito não consigo, apenas por andar sem rumo, destino certo... Lembrei da blusa que ela usava quando andávamos depois das aulas aos sábados. Era preta e tinha um desenho de anime. Nossa, como eu gostava de sair com ela, passar por aqueles prédios, conversar sem limites...
Lembrei de quando passei por lá com o João, no que me parece um vácuo no tempo. Uma outra realidade, uma esfera distante. Em como era divertido sacar simplesmente seus olhares, sua face teatralmente preparada para mim. Face que eu ainda desconhecia...
Ou então, das inúmeras vezes em que perdi o rumo, desbravando parte das exóticas e reclusas da rua Humaitá com o Gabriel... Quando eu acordava de manhã depois de receber os primeiros torpedos dele, feliz por saber que mais tarde nos veríamos... E andávamos pela Cobal, pelo colégio, pela lagoa, por qualquer lugar. Da vez que brigamos no Botecotaco e meu rosto voltou molhado e salgado pelas lágrimas, naquela noite. Pelas Ices supresas que fizeram minha tarde mais feliz, no final do ano passado.
Já gritei, sorri, cantei, beijei, cai, chorei, traí, sofri nos passos da rua Humaitá. E agora eu me sinto tão sozinha, tão perdida.
Liguei o mp4 enquanto caminhava pela noite; Escutando a trilha de um filme que fala bastante sobre mim, chamado Elizabethtown . Senti que era moldável aquelas melodias. O som e brisa nessas horas de vida correndo lá fora, denunciaram o calor do meu corpo. E a minha vontade desesperada de viver.
Não sei bem até que ponto fui na caminhada no querer, mas parei em frente ao shopping da gávea. Olhei para a banca de jornal e os livros de bolso que estavam a venda. Balzac, Maquiavel, Machado de Assis, Vinícius, Neruda, Karl Marx e Friedrich Engels, Nietzsche. TANTA COISA BOA QUE EU QUERIA COMPRAR PRA MIM.
Não tinha grana para tudo. O jeito era caminhar até o ponto mais próximo do 750 e voltar para a minha realidade. E para mim.
meio fora da sintonia; mas tão a ver com meu momento...
Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre
Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente
Estou cansado de bater e ninguém abrir
Você me deixou sentindo tanto frio
Não sei mais o que dizer
Te fiz comida, velei teu sono
Fui teu amigo, te levei comigo
E me diz: pra mim o que é que ficou?
Me deixa ver como viver é bom
Não é a vida como está, e sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?
Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes
Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar
Acho que gosto de São Paulo
E gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninas
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas rodas do meu coração...(4x)
Tristeza nunca mais...